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terça-feira, 26 de outubro de 2010

Carlos Drummond de Andrade

Nasceu em Itabira, Minas Gerais. (1902 - 1987) .
Foi cronista, contista e tradutor; jornalista, professor, funcionário público. Entre suas obras de maior destaque, algumas poesias: Sentimento do mundo, A rosa do povo, A um Ausente, José, No meio do Caminho...
Penetra surdamente no reino das palavras, pois é nele que se encontra
a vida e a obra de um dos maiores poetas da língua portuguesa.
Drummond de Andrade, o homem que libertou o verso de suas amarras,
mas cujo maior talento era a humildade diante da palavra.

Várias obras do poeta foram traduzidas para o espanhol, inglês, francês, italiano, alemão, sueco, tcheco e outras línguas. Drummond foi seguramente, por muitas décadas, o poeta mais influente da literatura brasileira em seu tempo, tendo também publicado diversos livros em prosa.
Uma curiosidade: em 1919 foi expulso do Colégio Anchieta de Nova Friburgo - R.J por "insubordinação mental", mesmo depois de ter sido obrigado a retratar-se.

A GENTE COMPLICA MUITO A VIDA...
MAS, QUASE SWMPRE A VIDA É SIMPLES, COMO A POESIA A SEGUIR:
Esta poesia, na época (1928), foi um dos maiores escândalos do Brasil...

NO MEIO DO CAMINHO

No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.

Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.

JOSÉ

E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, Você?
Você que é sem nome,
que zomba dos outros,
Você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?

Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?

E agora, José?
sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio, - e agora?

Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?

Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse,
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse....
Mas você não morre,
você é duro, José!

Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja do galope,
você marcha, José!
José, para onde?

A UM AUSENTE (Carlos Drummond de Andrade)

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Tenho razão de sentir saudade,
tenho razão de te acusar.
Houve um pacto implícito que rompeste
e sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.
Detonaste a vida geral, a comum aquiescência
de viver e explorar os rumos de obscuridade
sem prazo sem consulta sem provocação
até o limite das folhas caídas na hora de cair.

Antecipaste a hora.
Teu ponteiro enlouqueceu, enlouquecendo nossas horas.
Que poderias ter feito de mais grave
do que o ato sem continuação, o ato em si,
o ato que não ousamos nem sabemos ousar
porque depois dele não há nada?

Tenho razão para sentir saudade de ti,
de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos, nem isso, voz
modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.

Sim, tenho saudades.
Sim, acuso-te porque fizeste
o não previsto nas leis da amizade e da natureza
nem nos deixaste sequer o direito de indagar
porque o fizeste, porque te foste.

( Carlos Drummond de Andrade )

sábado, 23 de outubro de 2010

Ah! Os relógios! - Mário Quintana

Ah! Os relógios Amigos, não consultem os relógios
quando um dia eu me for de vossas vidas
em seus fúteis problemas tão perdidas
que até parecem mais uns necrológios...

Porque o tempo é uma invenção da morte:
não o conhece a vida - a verdadeira -
em que basta um momento de poesia
para nos dar a eternidade inteira.

Inteira, sim, porque essa vida eterna
somente por si mesma é dividida:
não cabe, a cada qual, uma porção.

E os Anjos entreolham-se espantados
quando alguém - ao voltar a si da vida -
acaso lhes indaga que horas são...

( Mário Quintana )

http://www.vitalves.com/2010/10/ah-os-relogios-mario-quintana.html

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Um dia diferente

Enfrentar uma cirurgia, por mais simples que seja,
é sempre um acontecimento estressante; e quando algum
procedimento errôneo acontece, pior ainda.
Após enfrentar um trânsito caótico e chegar ao hospital
atrazadas, percebemos que deixamos em casa o envelope
com a autorização da Unimed. A cabeça a mil, deu logo vontade de chorar, pois
tudo poderia ser alterado, só Deus sabe até que ponto;
pelo menos foi o que pensamos, devido ao atendimento
equivocado de uma funcionária que, programada pela rotina do trabalho,
agravou a nossa preocupação.
Após a pressão subir, algumas lágrimas presas nos olhos, sentimentos de culpa,
encontramos as pessoas certas dispostas a nos tranquilizar
e afastar a preocupação de não precisar atrazar ou suspender
a cirurgia.
Só depois, caimos na real de que nestes momentos, o otimismo,
a calma, são importantes e rezar também; pois a nossa tendência
é exagerar nos sentimentos e nas ações nos momentos de crise e acreditar que tudo está perdido.
P.S.: a paciente é uma pessoa muito especial: minha filha.
Tchau!!...
Maceió, l5 de outubro de 2010

sábado, 2 de outubro de 2010

Maria, Mãe de Jesus 2







"DEBAIXO DA VOSSA PROTEÇÃO NOS REFUGIAMOS, Ò SANTA MÃE DE DEUS!"

(primeira oração: encontrada no Ano 200, nos papiros do Egito)