AS FACES DO TEMPO

Eu busco as bênçãos do tempo
Deste tempo que insiste
Desafiar-me a esperança
No seio da minha essência

Ele se apossa de mim
Como se fosse o senhor
Possuindo o meu corpo
Invadindo o meu rosto
Transformando o meu ser
Investindo nos contrários

Em plena cumplicidade
Com as lentes bifocais
Transforma o meu olhar
Com marcas inevitáveis

E como se fosse nada
Pinta um quadro surreal
De forma aleatória
No dorso de minhas mãos
Com traços desencontrados
Em linhas de labirinto.

Estranho tempo
Você pra mim é assim:
As faces de uma moeda
Não vejo contradição
Nesta aparente maldade
Antes de mim já estavas
Quem desvenda teus mistérios?

Melhor é não competir
Melhor é não te julgar
E ver-te como um parceiro
Que alimenta os meus sonhos
E buscar na outra face
As bênçãos que há em ti.

Irene Duarte Iduarth